Ninguém

Quem é este alguém
Que do outro lado da estrada vem?
 
Na madrugada
A passada estala na calçada
 
Ao meu encontro
O cavaleiro de sombras
Na encruzilhada

Nesta hora vazia e fria
Quem é esse alguém
Que num reverso simétrico
Ao meu movimento
Caminha contra o vento?
 
A lua permite uma visada
Que nada desata
Da minha dúvida:
Quem é esse alguém
Com a face nublada
No meio da madrugada?
 
Eis que se revela
Antes do nosso encontro
O espelho do pensamento
Onde miram-se os sonhos
 
Nada se mostra
É apenas o eco sem forma
Que ronda, antes da aurora
A nossa própria porta

Um comentário:

CESAR CRUZ disse...

Aí está a busca maior do ser humano: si próprio.

Poema potente, gostei!

Cesar