O amor e a dor (em parceria com Lolita Sala)

Versão I

Deixemos a dor descansar
Que o amor não cansa
Segue sem abalo
Como um relógio, que
Segundo a segundo avança

Deixemos a dor no seu lugar
Que o amor é uma mão mansa
Que espera brotar a fruta
Cicatrizar o corte
E acordar a criança


Deixemos a dor nos revelar
Que o amor, como uma dança
Não segura: abraça o par
Ainda que as ondas do tempo

Turvem a lembrança

Deixemos doer até cansar
Que o amor só sabe amar
Não pede licença nem desculpa
Não se importa se já não há esperança

Deixemos a dor acabar
Que regresse ao seu leito de pedra, sem culpa
Que respeite a regra
Que quando finda só recomeça
Em uma nova era


Versão II

O amor não cansa
Como o relógio que
Segundo a segundo avança
E a cada momento recomeça
Sem ânsia, sua andança

O amor não cansa
Como a mão que, mansa
Acaricia aguardando
O despertar da criança

O amor não cansa
Ainda que o tempo turve a lembrança
E que não saibamos
Se há esperança

Ainda que queimemos as velas
Que não haja volta
Que nos percamos
O amor nos resta
O amor nos testa
O amor nos basta

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