Um outro

Há um outro em mim,
que desperta quando durmo,
abre a janela,
e inicia seu turno.

Sem motor, máquina,
ou qualquer impulso,
flutua no escuro,
entre o passado, o presente e o futuro.

Habita
onde o tempo obedece,
manso,
ao seu comando.
Tempo parado,
lagoa sem fundo,
regaço.

Não cruzo seu rumo.
Quando chego, já partiu.
Nunca nos encontramos…
Este irmão,
que apenas pressinto, vago,
nos meus sonhos,
em mensagens cifradas,
lançadas em garrafas,
que vem dar,
em minhas manhãs nubladas.

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