Mínimas

é vetado aos parasitas moverem-se por conta própria

aqui passam as ondas de rádio do passado, que ninguém vê, ou ouve

formigas são super heróis

gurus fá foram crianças e derrubaram pássaros a pedradas

filósofos viraram artistas de TV, mas queriam mesmo ser galãs de novela

já fiz coleção de maços de cigarro que encontrava amassados no chão...hoje pouca gente fuma, e é proibido jogar papel na rua

passou um aeroplano sobre a minha cabeça e a moça sentada na janelinha está olhando lá embaixo, pensando como deve ser a minha vida

o pessoal de boné fala rápido mexendo os braços apontando o dedo mastigando palavras a isto chamam atualmente música

cultura é uma forma de nos adaptarmos à morte

a poesia é aprender a morrer

agimos sob protocolos. não temos quereres. não mudamos de idéia. funcionamos a contento até que a nossa mão de obra perde valor. aí somos sacados do jogo. ficamos à margem. então somos livres, mas nos falta tempo e força

o contrário desta situação em que o Brasil se encontra é a comadre Bere tomando conta dos meninos: não cobra nada e é confiável

macunaima seguindo rastro de cotia, cantando rap

eu prefiro o acaso. mas é noite, e tudo é previsível

por falta de dentes deixamos de saborear as durezas da vida. culpa das mães, que desde cedo nos afeiçoaram à coisas líquidas e engordativas

um animal fica melhor quando está com fome. e o homem?

não dou a mínima. não estou nem aí. sou eu que perdi as roupas, rasguei os cheques

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